quarta-feira, 25 de abril de 2012

Primeiro mandamento da dança: nunca pare de dançar


Ainda me lembro bem, a pouco mais de seis anos atrás, quando comecei a aprender a dançar. Foi um daqueles intensivões na Companhia de Dança Marcelo Amorim, de forró se minha memória não falha. Esse foi meu primeiro contato com a dança, e o prazer de dançar foi tão grande que não quis parar por alí. Entrei então numa turma de salsa e outra de forró em paralelo. Entrar no mundo da dança fez com que minha vida mudasse da água pro vinho. Fui aos poucos perdendo aquela maldita timidez e com o tempo ganhando bastante confiança.

Eu adorava dançar salsa, foi um vício, mas o único problema é que não era tão popular, então não dava pra saciar esse vício com tanta facilidade. Aí que o forró entrou em jogo. Tinha forró de segunda a segunda, então comecei a frequentar o tanto que meu corpo aguentava. Cheguei a dançar 7 dias por semana, entre farras e academias. Como? Não sei, só sei que foi assim. Foi uma fase intensa na minha vida, da qual guardo só ótimas lembranças. O Rafa e o Junior compartilham desses momentos iniciais. O tanto que nos divertimos não está escrito em lugar nenhum.

O ciclo de amizade foi só aumentando com a dança, no forró em particular. Lá fiz amigos pra vida inteira, e mesmo estando tão longe agora, pode ter certeza que eles estão guardados com muito carinho aqui no coração. Não preciso nem citar nomes, pois eles sabem quem são. 

O tempo foi passando e a febre pelo forró foi esfriando. Na verdade eu tava precisando de novos desafios, no forró já não tinha mais pra onde crescer. Não me acho o melhor forrozeiro de todos, nem perto, mas não tinha muito mais o que aprender. Dançava 3 a 5 horas sem parar, mas parecia que tava dançando sempre a mesma coisa. A mesmisse não é uma coisa que combina com um geminiano (não sou um conhecedor do horóscopo, mas me conheço o suficiente pra dizer que arroz com feijão todo dia não rola).

Foi daí que entrou o samba. Bendito Samba de Gafieira. Tentei puxar os forrozeiros que pude pra esse novo estilo, o Michel entrou na fita. Comecei a fazer aula numa academia chamada Estilo e Dança, na asa norte. O vício de dançar foi crescendo novamente. A vontade de dançar todos os dias não me deixava queto, e fui procurando novos horizontes. Me matriculei então na academia do Alex Gomes, um dos melhores professores que tive. Com relação conhecimento e didática, tiro o chapeu pra ele.

Samba não é tão fácil quanto forró, não se aprende da noite pro dia. E mesmo com a pequena bagagem que eu já tinha, foi preciso mais de um ano pra eu começar a gostar do meu samba. Foi nesse momento que deixei de lado um pouco a mundo da dança pra seguir um outro sonho.

Já tava com a Alyne a uns seis meses quando resolvemos fazer a loucura de nos desfazermos de tudo e vir pra Austrália. Deixamos tudo pra trás, pra cá viemos e aqui estamos.

Ao chegarmos, fomos procurar um lugar pra dar aula, pois o dinheiro que ganhávamos mal dava pra nos sustentar, imagina ainda ter que pagar um aula de dança. Dar aula de samba foi uma experiência de vida. Tive que aprimorar uma qualidade que eu mesmo não sabia que tinha. Mas o prazer de dar aula é bem diferente do prazer de dançar. De dançar bem. De sentir que as pessoas ao rendor estão apreciando sua dança. Dar aula é gratificante, mas faltava alguma coisa. Demos aula por pouco mais de um ano, até que fomos cansando e tava muito contramão pra dar continuidade. Paramos. E por bastante tempo, ficamos sem dançar.

Depois de dois anos de Autrália, acho que estamos finalmente assentados. Temos nossas rotinas, a muscalação está em dia, alguns esportes quando dá, farras quando estamos na pilha, filminhos, restaurantes e por aí vai. Alguma coisa ainda estava faltando. Conversamos muitas vezes em relação a isso e finalmente resolvemos voltar pra uma aula de dança. Compramos um voucher pra umas aulas de salsa com o grupo Melbourne Salsa e começamos a mais ou menos um mes. Parece até que estou voltando no tempo. Aquela pilha de dançar está voltando a tona e minha esposa linda está no barco comigo.

Salsa é um estilo bem disseminado aqui, talvez seja até audácia minha dizer isso, mas acho que seja tão popular aqui quanto forró é em Brasília. 

Parece até destino, comecei com salsa e depois de passar por vários outros estilos, aqui estou na salsa novamente. Já não tenho nem a pilha e nem o tempo de dançar todos os dias, mas vamos dançando na medida que podemos. Mas a idéia é não parar nunca mais. Esse é o primeiro mandamento da dança.

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